Existem exageros e opiniões
apressadas, mas o Rio Doce não morreu.
Foi um acidente sem
precedentes na história do país, mas a natureza e a força da gravidade farão
seus trabalhos.
Entende-se a sensibilização, pois
as cenas são fortes. As imagens produzidas rodaram o planeta, um cinema
catástrofe transmitido quase em tempo real.
A mortandade de peixes e da vida
aquática doem em nossas almas, mas não são causados por elementos químicos tóxicos
na água, mas pela turbidez, pela presença de diversos elementos sólidos e da
falta de oxigenação da água.
Conversei com alguns engenheiros
da área minerária e todos disseram que a lama não contém
elementos perigosos para a espécie humana, nem animais. Que muito mais danosa é
a presença do garimpo de ouro na região que usa e abusa do mercúrio, chumbo e
outros elementos. E são pessoas que eu conheço, que não são funcionárias nem da
Vale nem da Samarco.
Eu também sou um livre pensador. Não recebo verbas de ninguém, não sou bancado por nenhum grupo político. Apenas expresso o que penso e gosto de tentar jogar luzes sobre certas verdades, eclipsadas pelo pensamento político partidário conveniente.
Eu também sou um livre pensador. Não recebo verbas de ninguém, não sou bancado por nenhum grupo político. Apenas expresso o que penso e gosto de tentar jogar luzes sobre certas verdades, eclipsadas pelo pensamento político partidário conveniente.
Provavelmente haverá ainda uma
série de problemas nas próximas chuvas. Imaginem os córregos, pequenos riachos
e redes de escoamento entupidos com a lama acumulada e solidificada?
Podem sobrevir enchentes e
grandes deslocamentos de terra e lama.
Aliás, considero o termo acidente apropriado para a situação.Pode ter havido negligência e as consequências
são as que estamos vendo. Mas imagine um acidente de carro em que alguém estava
sem cinto de segurança e se machuca severamente? Haverá negligência, mas
continuará sendo um acidente. Neste caso, quem foi imprevidente paga caríssimo
de forma imediata.
A SAMARCO foi negligente. Tem
mesmo de pagar pelo erro. Mas querer demonizar uma empresa pelo fato
dela pertencer a VALE, pelo fato de ter sido uma empresa privatizada me parece
apelas apropriação política pra tentar atirar o problema no colo dos
adversários.
Além do mais, circularam
informações de que em Minas existem 40 barragens de rejeitos, sendo que muitas
delas são muito maiores que a de Mariana. E são apenas 4 pessoas pra fiscalizar
todas. Existe uma forte carga de responsabilidade que precisa ser assumida
pelos governos. Não deveriam ser multados também os órgãos ambientais e os
governos que não agem de forma responsável? E não é curioso que o Pimentel
tenha dado coletiva da sede da SAMARCO, praticamente fazendo uma defesa da
empresa? Aliás, uma das empresas que mais investe em doações políticas. E antes
que digam que estou tentando proteger algum grupo político, essa negligência
não vem de hoje e a relação das mineradoras com os governos federal, estadual e
municipal são de muita cortesia, afinal, são "colaboradoras" muito ativas.
Outro fator a considerar é que tem
muita gente sugerindo o fechamento das mineradoras, fechamento da Vale, desconsiderando
os milhares de empregos e de sobrevivência das cidades que dependem diretamente
da atividade. Já vi gente falando que os diretores da SAMARCO deveriam ser
presos e outros discursos de ódio descabidos em minha opinião.
Alguns amigos tem me questionado
dizendo:- pô, Martino. Você está me decepcionando. Defendendo mineradora? Não é por aí.Claro
que também tenho críticas. Penso que nosso modelo de desenvolvimento precisa
ser revisto e a palavra sustentabilidade tem de deixar de ser apenas retórica
pra ser institucionalizada e funcionar a contento.
Eu sei que é difícil pedir um
pouco de racionalidade num momento tão sensível. Mas por causa desse
radicalismo político, não nos diferenciamos muito do povo da época colonial.
Procuramos pescoços para colocar numa forca...e vamos pra praça torcer pros
verdugos.